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De acordo com uma pesquisa de 2018 realizada pela OCDE, professores de ensino médio trabalham mais cinquenta horas por semana, enquanto em outros países desenvolvidos essa jornada é de 38 horas semanais.
Problema do trabalho sem limites chegou a ser escrito em anotações pessoais de um professor que morreu pelo excesso de trabalho, “karoshi”, como é chamado no Japão.
A jornada de um professor no Japão é uma das mais longas do mundo e envolvem aulas, supervisão e até a limpeza.
O estudo da ODCE de quatro anos atrás mostrou que um professor no Japão tem carga de trabalho semanal de 18 horas a mais que a média de outros países desenvolvidos, sem levar em conta as horas extras.
O desabafo dos professores é de estarem chegando ao limite, o que levou alguns, inclusive a entrarem com ações judiciais.
A ministra da educação do Japão, Keiko Nagaoka, reconhece que os professores ainda trabalham muitas horas, mas afirma que essas condições estão passando por melhorias, tais como a digitalização de algumas tarefas, além da contratação de algumas empresas e profissionais terceirizados para darem conta de outras demandas.
Alguns índices, como o de horas extras, veem caindo nos últimos tempo, mas para alguns especialistas existem ainda outras mudanças fundamentais a serem realizadas. Masatoshi Senoo é consultor de gestão escolar e para ele os professores no Japão são uma espécie de “faz tudo”.
Legalmente, o salário dos professores é acrescido de bonificação no pagamento do equivalente a oito horas extras por mês, mas esse sistema acaba legitimando que professores trabalhem sem parada por um pagamento fixo, uma vez que também não têm o poder legal de cobrarem mais horas extras.
O jornal Mainichi divulgou em 2016 que em dez anos ao menos sessenta e três mortes de professores foram relacionadas ao trabalho em excesso.
Uma das peculiaridades da educação japonesa está na preocupação em desenvolver o caráter e o bom comportamento, e com isso até aproximadamente os dez anos de idade (quando os alunos cursam a quarta série) não há provas, apenas alguns testes que se preocupam em ensinar gentileza e respeito aos animais e ao próximo.
Outros valores como empatia, justiça e generosidade também são ensinados nas escolas.
Além dessa preocupação, outro aspecto diferente é o início do ano letivo, que é na época da flor de cerejeira, ou seja, em abril. Assim, o ano acadêmico japonês é dividido em três trimestres e as férias são de seis semanas no verão e duas semanas no inverno e na primavera.
Nas escolas, os alunos também precisam se responsabilizarem pela limpeza das salas, além dos corredores, da lanchonete e até dos banheiros, como forma de ensiná-los a trabalhar em equipe e a ajudar uns aos outros.
A alimentação saudável também é uma preocupação dos japoneses e, para isso, chefes e profissionais da saúde desenvolvem um cardápio padrão para todas as escolas públicas.