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Na maior parte do tempo e diariamente, KazushiKinjo, pescador da região, se afasta do porto de Yonaguni para tentar pescar em outras águas ainda mais profundas ao norte da ilha, onde os peixes são mais abundantes, assim como os navios chineses. A patrulha chinesa não é só na ilha onde vive Kinjo, outro arquipélago também é disputado pela China e recebe a patrulha ao redor das ilhas, chamadas de Senkaku. As ilhas recebem o nome de Diaoyu, na China, e Diaoyutai, em Taiwan, e também são foco de tensões.
A disputado por esse território já tem mais de cem anos, mas foi nas últimas décadas que a ofensiva da China aumentou ao redor das ilhas. Essa postura gerou o medo de que Pequim faça ainda mais reinvindicações. O Japão também afirma seu poder sobre as ilhas e aumenta seu militarismo na região e nas proximidades, as ilhas da cadeia de Nansei, mais ao leste.
Os moradores se perguntam quais as reais intenções chinesas e têm medo de que a tensão aumenta tanto que acabe com a comunidade, principalmente se Pequim restringisse a áreas importantes para a subsistência.
A ilha de Yonaguni foi ocupada na Segunda Guerra Mundial pelos Estados Unidos e só foi desenvolvida no ano de 1972 integrando a prefeitura de Okinawa. A ilha é uma das primeiras a sofrer com as tensões porque, apesar de ser japonesa, fica mais próxima a Taiwan, sendo que a depender de como está o céu é possível ver em contorno suas cadeias de montanhas.
Antigamente, justamente pela proximidade dos dois lugares, era muito comum que a ilha recebesse turistas interessados em fazer trilhas ou mergulharem na região. Mas apesar desse aspecto positivo, a localização e a situação geopolítica coloca a ilha em um lugar que recebe muitas patrulhas e demonstrações de poder por água ou ar.
Há aproximadamente duas décadas, o Ministério da Defesa japonês contabilizava 20 navios chineses na costa. Hoje o número é quase quatro vezes maior, passando de 70 no ano passado. Se ainda incluirmos navios da Guarda Costeira chinesa o número é ainda maior, passando de cem.
As invasões à Ucrania aumentaram a tensão na região principalmente porque a China não se posiciona contrária aos ataques de Moscou.
Conforme a situação fica mais complexa, a realidade da ilha de Kinjo também muda. Tóquio inaugurou um campo de autodefesa em 2016, com mais de 160 soldados que vigiam a região da costa da ilha de Yonaguni.
Nesse mês se abril também foi instalado na região um radar que vai acompanhar as atividades chinesas na área. Apesar dos esforços japoneses para se defender, um especialista nesse tipo de relação geopolítica afirma que o país possui bastante vulnerabilidade por não ter mais capacidade de ataque e o que tem ser insuficiente.