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Assim como os EUA, Japão é um dos únicos países do mundo a terem pena de morte. O número de condenados a esse tipo de pena chega a 100
No último dia 21, três pessoas foram mortas como pena pelos seus crimes no Japão. Essa foi a primeira vez que isso acontece no governo de FumioKishida, que assumiu o posto de primeiro ministro em outubro.
Das democracias e economias industrializadas do mundo, só Japão e Estados Unidos ainda aplicam esse tipo de pena. Antes dessa, a última vez que o Japão tinha executado alguém que estava no corredor da morte, como são chamados aqueles que recebem esse tipo de sentença, foi em dezembro de 2019. Naquela ocasião, os condenados haviam sido sentenciados por crimes realizados em 2003.
O procedimento encontra forte apoio popular, apesar dos grupos que defendem os direitos humanos resistirem à medida.
Uma das pessoas que teve sua vida tirada tinha 65 anos e havia sido condenado por matar sua própria tia, dois primos e mais algumas pessoas em 2004. Os outros dois tinham, respectivamente, 54 e 44 anos, e também foram condenados por homicídios, mas dessa vez realizados em 2003.
Esse tipo de execução acontece sempre por enforcamento e são aplicadas muitos anos depois das sentenças, como se pode reparar, e os sentenciados só sabem que chegou sua vez poucas horas de serem mortos. Dois detentos chegaram a pedir indenização ao governo japonês pela demora, alegando angústia psicológica e muito estresse diante da incerteza da data de sua execução. As famílias das vítimas, por sua vez, só ficam sabendo que os condenados foram executados depois de terminada a execução.
Com razão, os grupos que defendem os direitos humanos são contrários e tentam acabar com esse tipo de sentença. Esses ativistas tinham esperança de que esse novo primeiro ministro trouxesse progresso nesse sentido, mas o fato dessa execução recente mostra que o desrespeito à vida segue acontecendo pelo governo japonês.
Chiara Sangiorgio, que ocupa o cargo de conselheira na Anistia Internacional, se pronunciou lamentado mais uma vez a medida e a chance que, segundo ela, o país perdeu de abolir a prática, que não acontecia já há dois anos.
Esse grupo por várias vezes recorreu ao país pedindo que mudasse sua prática “desumana” e solicitando uma espécie de moratória oficial que deveria acontecer naquele momento como o primeiro passo para o fim da prática. O governo japonês resistiu mais uma vez e não mudou, alegando haver muito apoio popular.
De acordo com o vice chefe de gabinete do governo, SeijiKihara, que concedeu entrevista coletiva para tratar do tema, a decisão pela pena não é fácil e abordar a questão é sim muito relevante e se relaciona com o sistema que trata de justiça criminal do país, mas disse também que os crimes seguem acontecendo e que isso faz parecer inapropriada a abolição da pena de morte nesse momento.